Estava ali um esboço de vida sem estilo sobre a mesa, o troco do pão, uma nota de cinco reais e cinco moedas. A nota se levantava na extremidade esquerda e ao lado do cinco no meio da cédula as moedas colocadas irregularmente formavam uma leve e bonita escada em que os últimos degraus eram as duas moedas de um real. Quisera ser arquiteto, mas fez o concurso para o banco do Brasil. A manhã lhe apertava ainda mais os momentos com desejos de cavalos soltos e muito vento, de tanque de gasolina cheio e dias vazios, de praias no azul leve de setembro e olhares de horizonte. Tomou a xícara de café, levantou-se e se foi. O cadarço estava solto, abaixou-se para dar-lhe o laço, sentiu uma lancinante pontada nas costas.
"A manhã lhe apertava ainda mais os momentos com desejos de cavalos soltos e muito vento, de tanque de gasolina cheio e dias vazios, de praias no azul leve de setembro e olhares de horizonte."
ResponderExcluirQuando leio algo assim, tenho percebido que expresso mentalmente um palavrão...e depois uma minha nossa!!!
Vou me repetir, dizendo que vejo a cena, dizendo que sinto a emoção do personagem...quanto a dor nas costas esta eu até conheço e quem sentiu sabe que é lancinante, paralisadora.
Seu olhar de poeta torna bela a cena mais simples e corriqueira... Você enxerga diferente!
ResponderExcluirAbç
"no azul leve de setembro"...
ResponderExcluirmesmo antes, agora, já o pressinto em meus anos que correm voejando, ora tristes, ora felizes...
abç
carol
Sintomas e preocupações. Cotidiano e dor.
ResponderExcluirA tua poesia em prosa é especial