12 julho 2010



Lembrava-se de um enterro, sábado de chuva fina e lama nos sapatos. Para além da difusa lembrança o que conseguia distinguir era uma espécie de tédio, uma ausência de sentido, um rastro de dor pesada. Quem morreu? Movia-se a cortina levemente, a janela estava entreaberta, e o chilreado dos passarinhos era mais forte do que de costume. Acordara, sim, a vida continua, meu Deus! Na boca dissolvia-se a língua em grossa saliva, os pensamentos em leveza de avestruz. Tinham lhe dado algum remédio.

3 comentários:

  1. enigmático... lembra-me a esfinge...

    abç

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  2. Uma lembrança triste tornada bela através das suas palavras.

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  3. É incrível como há lembrança dos que morrem e há lembranças que nunca se vão.

    um beijo

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