21 agosto 2010

O ônibus seguia devagar pela Reta da Penha no fim do dia. A tristeza do entardecer, era agosto, se enlaçava com o chuvisco frio soprado pelo vento sul. Seguia sentado e encolhido com a mochila no colo e um livro na mão, que não lia. Sua professora da época da alfabetização estava ali no ônibus também. Deu-se com ela de repente, ali bem perto, no outro lado do corredor. Corou-se de vergonha e encolheu-se ainda mais sob a mochila, encobriu-se com o livro. Passou a mão esquerda sobre o rosto e as espinhas e a barba esparsa, de dias, tinham tramado um incêndio ali. Ao parar no próximo ponto, aquele perto da igreja de Santa Rita, o ônibus deu-lhe a oportunidade. Rápido alcançou a porta e saltou.

Um comentário:

  1. E eu passeio por todas as possibilidades de escrita que você oferece, me debruço folheando cada cantinho do seu blog, releio e releio e releio....

    Nem sempre encontro palavras para exprimir o que sinto, ou até para não dizer muito de mim, ou para não me repetir nos elogios.

    Criei um laço com a sua escrita, com o sentimento que muitas vezes é comum aos seus personagens, e que brotam em mim lembranças e sentimentos.

    E aí, olha só, termino "falando muito". rsrs

    Vou parar e estou sorrindo. abraço.

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